segunda-feira, 18 de abril de 2011

Há necessidade de uma nova teoria da aprendizagem?

Siemens (2005) explicitou o Ciclo de Desenvolvimento da Aprendizagem (CDA) e distinguiu neste quatro domínios a saber:
- transmissão;
- acreção;
- aquisição;
- emergência. (Figuras 2 e 3)

Observa que as teorias de aprendizagem se encontram desajustadas do mundo moderno em resultado da sua maior complexidade e diversidade de situações, que tornaram desadequadas as receitas únicas. “Muito frequentemente, os problemas e situações são ambíguos, requerendo a exploração e experimentação para encontrar as soluções desejadas” (p. 24). O Design Tradicional do ensino – que reflecte as teorias de aprendizagem dominantes - pensa no aluno como um contentor a encher, em vez de equacionarem a aprendizagem como um ciclo ao longo da vida. A transmissão de conteúdos pode ter a vantagem da elevada estruturação dos curricula, mas é relativamente pobre na abertura a problemas novos, porque os professores “utilizam mais os objectivos de aprendizagem como seu guia, do que como guia dos estudantes” (ibidem).    

Todos os professores se queixam da falta de motivação dos estudantes. Siemens (p. 27) recorda que “a motivação dos alunos deverá ser o fundo de toda a fase de Criação do CDA”. E cita o modelo ARCS de Keller (1987) para compensar a motivação dos alunos: Atenção, Relevância, Confidência e Satisfação. A consideração destes ingredientes empurram-nos para os outros três domínios do CDA: acreção, aquisição e emergência.

Outro aspecto em que Siemens critica a ênfase no domínio da transmissão, em que frequentemente o professor e manual são os recursos, observa-se quando explicita o que entente por bom recurso educativo: “um recurso bem desenhado é simplesmente mais um nó na ampla rede de aprendizagem” (p. 25).  

Vivemos num mundo onde o capital financeiro, os sistemas económicos e sociais, culturais, as relações entre empresas e entre pessoas se desenvolvem em amplas redes, mas no ensino ainda conseguimos observar nichos onde ninguém sabe o que se passa depois de fechar a porta da sala de aulas. Eis o paradoxo entre uma sociedade complexa, aberta, organizada em rede, e um ensino monocromático, fechado, com cada instrutor a inventar as suas regras.

A explicitação do CDA mostra uma via de possível exploração da complexidade no ensino, abrindo espaço a futuras teorias de aprendizagem que valorizem a conexão em rede.     

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